Há quase uma premissa para se fazer boas campanhas em campeonatos por
pontos corridos: ter um elenco grande. E o Fluminense deste ano, grande
candidato ao título do Brasileirão, é a prova de que montar times
fortes custa alto.
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Levantamento elaborado pelo DIÁRIO constata que a
folha salarial do Tricolor das Laranjeiras é a maior do país, girando em
torno de R$ 8 milhões mensais.
Empolgado com a campanha deste ano, o presidente do clube carioca,
Peter Siemsen, reconhece que o ótimo elenco é responsável pelo sucesso
da equipe.
“Esse investimento no grupo e a montagem de uma comissão técnica com a
qualidade que temos são responsáveis pelos resultados que o time vem
alcançando no ano. O Fluminense tem, seguramente, um dos melhores e mais
regulares elencos do Brasil”, assegura o mandatário.
O trunfo do Flu é a sólida parceria com a empresa de planos de saúde
Unimed, desde 1999, quando os tricolores ainda amargavam a Terceira
Divisão nacional e viviam o pior momento de sua história.
Para Siemsen, o patrocínio faz total diferença. “Nós temos a melhor e
mais duradoura parceria do futebol brasileiro e esse investimento da
Unimed nos atletas permite a montagem do elenco forte que temos
atualmente”, admite.
Quando perguntado se o dinheiro tem prevalecido no futebol, o
presidente tricolor responde que sim. Mas cita algo ainda mais
importante. “Na minha opinião, o que faz mais a diferença é o
planejamento sério, dentro da realidade de cada equipe”, completa.
filme repetido/ Não é a primeira vez que o time de
maior investimento pinta como favorito à taça. Em 2011, de acordo com
levantamento feito pelo site BDO Brazil, o campeão Corinthians foi o
time brasileiro que mais gastou com o departamento de futebol. O
investimento total superou os R$ 197 milhões, levando em conta apenas
gastos com a equipe.
O ranking das folhas salariais produzido pelo DIÁRIO — os valores não
são confirmados pelos clubes — reforça a importância do dinheiro no
sucesso de um time. Com raras exceções, como o Palmeiras, os clubes
estão em colocações compatíveis com seu investimento.
No G4 dos gastos, o Internacional não se encontra na zona de
classificação para a Libertadores, atualmente. Em contrapartida, o
Atlético-MG, que não paga integralmente o salário de Ronaldinho Gaúcho,
está na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.
Na parte de baixo da tabela, Ponte Preta e Náutico não fazem da zona
de rebaixamento, embora estejam entre os quatro últimos no quesito
investimento.
QUANTO GASTAM OS CLUBES DA SÉRIE A COM SALÁRIOS - VALORES EM MILHÕES DE R$:
Fluminense: 8,0
Grêmio: 7,0
São Paulo: 6,4
Inter: 6,0
Palmeiras: 5,9
Atlético-MG: 5,5
Corinthians: 5,1
Flamengo: 5,0
Botafogo: 4,3
Vasco: 4,0
Cruzeiro: 3,7
Santos: 3,5
Sport: 2,3
Bahia: 2,0
Coritiba: 1,8
Lusa: 1,8
Figueirense: 1,6
Náutico: 1,5
Atlético-GO: 1,2
Ponte Preta: 1,0
Folhas não incluem todo o dinheiro recebido por atletas
O santista deve ter levado um susto ao constatar que o Santos ocupa
apenas a 12 colocação no ranking das maiores folhas salariais, com
gastos de R$ 3,5 milhões por mês. Afinal, Neymar, sozinho, ganha R$ 3,6
milhões. Mas é importante destacar que o estudo feito pelo DIÁRIO não
leva em conta as somas obtidas por meio de patrocinadores. Ou seja, os
valores registrados em carteira e direitos de imagem — forma como os
clubes atenuam os impostos.
Neymar fatura R$ 500 mil por mês do Santos. Os outros R$ 3,1 milhões
são obtidos com contratos de publicidade — ele é garoto-propaganda de
11 empresas.
Atlético-MG e Internacional também usaram essa estratégia em suas
últimas contratações. O Galo paga R$ 300 mil por mês a Ronaldinho
Gaúcho, que garante outros R$ 200 mil com publicidade. No Colorado,
Forlán e Juan têm um salário fixo na casa dos R$ 250 mil. Os valores
crescerão de acordo com o número de patrocinadores que conseguirem.
Opinião
Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo
Davi contra Golias
É evidente o crescimento do investimento no futebol mundial. O
problema é que o Brasileirão, acompanhando isso, se torna cada vez mais
parecido com os campeonatos europeus. É uma luta entre Davi e Golias. A
diferença de investimento entre os grandes e pequenos cresce
gradativamente, ainda mais após essa nova divisão de cotas de televisão.
É mais ou menos o que acontece no Campeonato Espanhol com Real Madrid e
Barcelona. Você não pode esperar que Ponte Preta ou Portuguesa, por
exemplo, vençam a competição com esse porte de dinheiro investido.
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