Um sábado diferente. Um dia como poucos. Uma data para sempre. A partir das 20h, o Grêmio inaugura a Arena, seu novo estádio, no bairro Humaitá, em Porto Alegre. Um projeto que começou dentro da cabeça e da mochila de um jovem dirigente e, aos poucos, passou a ser abraçado por mais pessoas, por praticamente todos que vestem azul, preto e branco. Sonhado junto. Portanto, realidade.
Ainda no embalo de Raulzito, o título da música tem tudo a ver com o espírito tricolor neste sábado mágico para os torcedores. Afinal, o objetivo do Grêmio é, ao descortinar para o mundo a sua nova casa, abrir também uma avalanche de conquistas em campo, ausentes desde 2001. Ou seja, a festa colossal que vem por aí está mais para um começo, uma prévia, do que para um fim. Não por acaso, o clube mobiliza os fãs pela internet desde a tarde de sexta-feira, pedindo que espalhem a mensagem "Nova Era Tricolor".
O torcedor poderá ver tudo no GLOBOESPORTE.COM, que transmite a festa e o amistoso ao vivo. Antes, desde a manhã, poderá acompanhar a movimentação dos fãs na Arena e também no Olímpico, outro grande ponto de concentração de gremistas - em Tempo Real, com fotos e relatos sobre o que de mais importante acontece em Porto Alegre. O internauta ainda pode participar, enviando a sua foto desse momento inesquecível da história tricolor.
Com a intenção de facilitar o deslocamento da torcida, algumas medidas foram tomadas. Duas linhas de ônibus especiais serão oferecidas especificamente para quem irá à festa de inauguração. Outras sete opções de trajetos realizados por coletivos estarão à disposição dos torcedores. Mais de 60 mil pessoas são esperadas.
Há também a opção de ir de trensurb, de carro ou até a pé, como sugere o hino, já que as ruas do entorno da Arena não receberão bloqueios por parte da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) durante todo o dia.
A mochila de Antonini
Antonini (segundo da esquerda para a direita) em
reunião com a Amsterdam Arena, em 2006
(Foto: Arquivo Pessoal)
reunião com a Amsterdam Arena, em 2006
(Foto: Arquivo Pessoal)
Como se fosse um "maluco beleza", sonhava esse sonho sozinho. Tanto que viajou para o Mundial por conta própria, numa aventura de mochileiro, dormindo em albergues. Na volta a Porto Alegre, ganhou, primeiramente, a confiança do presidente Paulo Odone, que aceitou a contratação da empresa holandesa Amsterdam Arena para a criação de um estudo de viabilidade. Eis a semente da Arena tricolor.
A busca pelo novo, hoje tão exaltada, no entanto, teve seus obstáculos nos idos de 2007 e 2008. Esbarrou um pouco no próprio Conselho Deliberativo, com seus mais de 300 gremistas, muitos testemunhas do crescimento do Olímpico. Depois, na desistência do grupo português TBZ. A construtora baiana OAS, que já estava no negócio com os portugueses, "abraçou" a causa e resolveu tocar a obra com os seus próprios braços, numa parceria de 20 anos.
- É importante sublinhar o caráter pioneiro do projeto. Em tempos de Copa do Mundo, todos falam em arenas. Em 2006, no entanto, ninguém pensava em se desfazer de seus estádios - destaca Antonini, sobre a primeira Arena da América Latina.
Com investimentos beirando os R$ 540 milhões, a previsão é de que a Arena fature entre R$ 110 milhões e R$ 120 milhões em seu primeiro ano de vida (a construtora OAS fica com 35% do total, e o Grêmio, 65%) .
Obras voam em 2012
O contrato foi firmado em dezembro de 2008. Menos de dois anos depois, em 20 de setembro de 2010, num evento do tamanho do que hoje é a Arena, era lançada a pedra fundamental do estádio. Com direito a voo de helicpótero de Hugo de León com um pedaço da grama do Olímpico e extensa carreata pelas ruas de Porto Alegre. A partir daí, tudo virou poeira, cimento, barulho. Numa palavra: obras. Naquela época, eram 200 operários. Agora, na fase de finalização dos trabalhos, passam de 3,2 mil homens carregando vigas, aplicando pinturas e instalando os mais variados tipos de equipamentos.
A obra ganhou um generoso empurrão em 2012. Em janeiro, por exemplo, estava a 50% de sua conclusão, sem sequer o esqueleto da cobertura - processo iniciado em 30 de abril e com a novidade de deixar todos os torcedores protegidos. Em menos de um ano, está praticamente a 100%, com seu teto completamente instalado. O gramado começou a nascer em 23 de outubro e hoje impressiona pela rapidez com que deixou de ser ralos tufos para se tornar um tapete verde. Sustenta como carro-chefe a drenagem à vácuo, inédita no Brasil e que garante um jogo tranquilo, mesmo sob um dilúvio sem fim.
É bom ressaltar, no entanto, que a obra não está completamente finalizada. O torcedor não terá à sua disposição o futuro memorial, que promete alta interação e aparelhos de ponta, nem a loja do Grêmio, a ser erguida em dois pisos. No entanto, poderá consumir produtos do clube em quiosques espalhados pelo complexo. Estará à venda, por exemplo, a camiseta exclusiva para o amistoso com o Hamburgo. As lojas projetadas para o estádio também serão ausências, uma vez que os interessados ainda precisam definir as compras dos locais para posterior instalação de sua marca. O restaurante panorâmico, projetado sobre a Geral, será construído depois. Na inauguração, servirá como espaço vip a personalidades.
"O espetáculo é o Grêmio"
Como o próprio Grêmio define, a Arena é mulituso. Viverá não só de gols, mas também das vozes de artistas e de rifes de guitarras. Uma prova de sua capacidade para receber shows se verá neste sábado mesmo, no espetáculo de inauguração. Serão ao todo cinco blocos temáticos intercalados com apresentações e queimas de fogos.
- O espetáculo é o Grêmio - explica o diretor artístico Aloyzyo Filho.
Muito por isso, 12 ídolos históricos, entre eles o ex-goleiro Danrlei e o ex-meia Milton Kuelle - que atuou na Baixada e no Olímpico - desfilarão no gramado em determinado momento da apresentação.
A fita que simboliza a abertura do estádio, por exemplo, será carregada por bailarinos "voadores", suspensos por cordas de aço e que descerão com o tecido até ele se desamarrar. Será o desfecho, a senha para o futebol entrar em campo.
Em campo: Grêmio x Hamburgo
Zé Roberto já defendeu o alemão Hamburgo
(Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
(Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
- O jogo é uma festa. Temos de falar da grandeza dela, a importância da Arena ao clube. Se ficarmos nas picuinhas do futebol, se vem titulares ou não, se o Hamburgo encará como vingança, vamos estragar o momento. Não é o caso.
Luxa não revelou quem irá jogar. Os desfalques são Gilberto Silva (transferiu-se ao Atlético-MG), Kleber (operado no tornozelo esquerdo) e Gabriel (liberado pela direção para buscar novo clube). É certo que Zé Roberto irá reencontrar o clube que defendeu entre 2009 e 2011 e a escola de futebol que se consagrou por 12 temporadas – defendeu ainda LeverKusen e Bayern de Munique.
- É um amistoso, mas queremos ganhar. É importante começar uma era nova ganhando. A torcida espera isso – disse o meia.
O Hamburgo vive uma espécie de conflito de opiniões com a chance de reencontrar o Grêmio. Há quem exulte a vigem ao Brasil, há quem reclame e encare apenas como compromisso comercial. A verdade é que, pela diferença de calendário, o jogo irá atrapalhar os alemães.
Tal situação fez o goleiro Adelr resumir a viagem como um ‘horror’. O técnico Thorsten Fink disse que é preciso pensar no clube – receberá R$ 2 milhões de cota. O lateral-esquerdo Aogo foi mais simpático:
- Nunca fui ao Brasil. Isso certamente será muito interessante. Estou convencido de que a viagem será boa e teremos uma grande festa.
Grêmio: Marcelo Grohe; Pará, Werley, Naldo e Pico; Fernando, Souza, Elano e Zé Roberto; Leandro (André Lima) e Marcelo Moreno
Hamburgo: Diekmeier, Mancienne, Westermann e Lam; Badelj, Skjelbred, Aogo e Arslan; Son e Rudnevs (desfalcado por Van der Vaart e Milan Badelj, lesionados).
O paraguaio Carlos Amarilla, árbitro Fifa, apita o amistoso da nova era tricolor.
globoesporte.com

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