No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado neste sábado (1), uma
constatação: com os avanços da medicina, é possível que os portadores da
doença tenham uma vida tão longa quanto a de uma pessoa sem o vírus. Clique AQUI e Curta o Araruna Online no Facebook
Segundo explica a infectologista Joana D’arc Frade, a diferença da
expectativa de vida entre os dois grupos é de, no máximo, cinco anos.
“Hoje, o brasileiro vive, em média, 74 anos, então, uma pessoa com Aids
pode viver próximo aos 70, se for diagnosticada e tratada precocemente”,
enfatizou. Um bom exemplo é o de Luiz Carlos de Souza Pinto, 51, que
convive, há 25 anos, com a síndrome. Assim como muitos outros casos,
porém, o começo não foi fácil.
Desde que a doença comentou a ser
notificada, em 1985, 5.096 pessoas na Paraíba foram diagnosticadas com
Aids. Este ano, foram 426 novos casos, o que representa um crescimento
de 11,52%, se comparado ao ano passado, e de 79,75%, se comparado com 11
anos atrás.
Luiz Carlos descobriu a doença em 1987, no entanto,
até 1999, não fez tratamento. Ele acreditava que o diagnóstico já tinha
sido uma condenação de morte. “Fiquei desiludido. Larguei tudo e fui
morar na casa de um amigo”, lembra. Lidar com o impacto da doença também
foi bastante difícil para o professor universitário Djalma Toscano
Oliveira Neto, 32. Ele descobriu que era soropositivo há um ano e meio, o
que lhe gerou uma forte depressão. “Não sabia o que fazer. Fiquei de um
lado para o outro, sem rumo”, contou. O pior mesmo foi o preconceito,
que lhe fez perder inclusive o amor de seu parceiro. “Depois de um ano
assim, comecei a definhar, até que me levaram para o hospital Clementino
Fraga. Foi aí que eu recuperei a vontade de viver e iniciei o
tratamento”, lembra.
Ter esse acompanhamento médico é
fundamental, alertam os médicos. Apesar de não ainda não ter cura, a
Aids pode ser enfrentada como qualquer outra doença crônica, como o
diabetes e problemas cardíacos. “É uma doença controlável, mas que
precisa de um acompanhamento rigoroso e de uma disciplina no
tratamento”, explica a infectologista Joana D’Arc Frade.
A
médica alerta que a descontinuidade no tratamento é responsável pelas
pioras nas condições de saúde dos portadores do HIV. “Com certeza esse é
um grande problema, porque vai gerar várias complicações. O vírus tende
a se tornar resistente, a imunidade tende a ficar baixa, o vírus gera
inflamações no corpo, que fica susceptível a várias doenças
oportunistas. Sem dúvidas, sem rigor, a pessoa não vai ter uma vida
longa”, disse.
“Preconceito ainda é grande”
A
diretora geral do Clementino Fraga, Adriana Teixeira, informou que o
paciente pode ficar internado para tratamento ou receber atendimento na
parte ambulatorial. Pelo menos 1.750 pacientes recebem medicamentos
nesse hospital mensalmente. Este ano, já realizou 5.929 testes rápidos
até outubro. “Percebemos que o preconceito ainda é grande e isso impede
que as pessoas procurem fazer o teste rápido”, disse.
Maioria é do sexo masculino
A
maioria das pessoas contaminadas pelo vírus HIV é do sexo masculino. De
2007 a 2011, houve um crescimento de 63% da doença nesse grupo,
passando de 165 para 269 casos. Já a quantidade de óbitos cresceu 136%
em 12 anos (de 2000 a 2011), passando de 50 para 118 mortes.
Todos estão vulneráveis
A
gerente operacional de DST/Aids e Hepatites virais da SES, Ivoneide
Lucena, comentou que o aumento do número de casos de Aids deve-se também
ao aumento de testes rápidos que estão sendo realizados. Este ano, o
órgão implantou os testes para diagnóstico da Sífilis e do HIV em 60%
dos municípios paraibanos, ou seja, em 133 cidades. Na Capital, esse
procedimento pode ser encontrado na atenção básica.
Ela
reconhece que a população ainda está se prevenindo pouco, agravado pelo
fato de que a aparência de uma pessoa com Aids não é mais cadavérica.
“Todos nós estamos vulneráveis a adquirir o HIV, basta passar por uma
situação de risco. Hoje, com quase 30 anos da Aids, infelizmente ainda
existe muito preconceito”.
Hospitais
O
tratamento para Aids pode ser feito no Hospital Universitário Lauro
Wanderley (HULW), Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC),
Complexo de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga. Dentre os
profissionais, os pacientes recebem acompanhamentos de infectologistas e
psicólogos.
Em Campina
De 2006 a 2012, a
Secretaria Municipal de Saúde, registrou 276 casos de Aids em Campina
Grande. Nesta sexta-feira (30), foi realizada uma mobilização, com teste
rápido de HIV no Centro de Testagem e Aconselhamento do Serviço. A
mobilização, que atendeu mais de 40 pessoas, antecipou o Dia Mundial de
Luta contra o vírus HIV, celebrado sábado.
Por Aline Martins e Tássio Ponce de Leon/Portal Correio
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